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sexta-feira, março 06, 2015

Amanhã...

Tenho andado estes dias a pensar no dia 7 de Março de 2014 e não consigo lembrar nada.
Um apagão daqueles...

Em vésperas de fazer mais um aniversário penso neste ciclo anual que passou por mim... estranhamente dias como o 7 de Março popularam o ano de 2014.

Celebrar um aniversário, seja meu ou de alguém querido tem sido tão doloroso e tenho feito das tripas coração para disfarçar o mais possível o meu desconforto. Não consigo evitar recordar que a minha filha nunca estará aqui connosco para celebrar o dela e lançar balões cantando os parabéns à beira-mar não era o que eu almejava para a nossa vida.

O dia de amanhã deixou de ser um dia festivo há 380 dias. O dia de amanhã passou a ser apenas o dia em que somo mais uma unidade ao número de anos que já vivi... e que acontece 15 dias depois do aniversário da morte da minha filha.

Sou feliz como alguém escalar o Evereste com pouca roupa e sem equipamento, o que quer dizer que sou feliz em sofrimento. Um contracenso não é? Mas de facto é assim mesmo, esta dor que trago em mim há 380 dias é a mesma dor que me ajuda a ser feliz, que mantém viva a minha filha dentro de mim.

Eu estou bem! Porque não estaria? Um amputado em princípio não morre porque lhe cortam um membro... sobrevive e aprende a viver todos os dias sem ele tal como eu... estou bem mas não estou bem como estava há 381 dias atrás, sou feliz mas não como era até há 381 dias atrás. Esta minha felicidade é a felicidade da minha nova vida como mãe orfã de filha e é uma felicidade sofrida... todos os dias... todos os dias...

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