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quarta-feira, junho 21, 2006

A minha experiência de amamentação

Hoje vou falar um pouco da minha experiência de amamentar o Alexandre. Irei colocar este post no arquivo dos pensamentos inesquecíveis. Amamentar não é só um acto fisiológico de alimentar um bebé é também uma troca de amor, de carinho, de cumplicidade, um momento só nosso como se o cordão umbilical que um dia nos uniu nunca tivesse sido cortado.
Para quem leu o meu post sobre a minha experiência de parto sabe que devido a ter sido uma cesariana de emergência não amamentei o meu filho à nascença mas passado quase 4 horas depois do seu nascimento. A minha experiência de amamentação não foi sempre boa e satisfatória, amamentar não é fácil e sei-o por experiência própria. Para algumas mulheres parece fácil e quem leu alguns dos meus posts anteriores também deve pensar que para mim também o foi... mas não, tive algumas dificuldades que com a minha persistência e vontade foram ultrapassados.
Sempre quis amamentar, sabia pelas aulas de preparação para o parto que não iria ser fácil mas estava preparada para vencer os obstáculos que iriam aparecer.
Os problemas começaram ainda durante a estadia na maternidade. O Alexandre teimava em mamar apenas no mamilo, tinha de prensar a auréola toda para conseguir que ele mamasse convenientemente, resultado, mamilos gretados. Quem já teve sabe o que é um bebé a mamar em mamilos gretados....para curar os mamilos nada melhor que o nosso leite, não vão em cantigas de cremes xpto, o leite é o melhor cicatrizador de mamilos que eu já vi e eu experimentei o famoso Purelan que dizem que faz maravilhas mas nada comparável com o nosso leite, depressa desisti dos cremes. Depois do Alexandre mamar, espremia um pouco a mama para que saísse um pouco do meu leite e passava o líquido pelo mamilo e auréola, deixava o peito ao ar para que secasse o leite e só depois colocava o soutien (na maternidade não há que ter vergonhas, ninguém repara e se querem saber eu estava-me borrifando se olhavam ou não para as minhas mamas). Após algumas aplicações comecei logo a notar as gretas a sararem. Devo dizer que as gretas nos mamilos aconteceram apenas na maternidade e enquanto o peito não "calejou" a partir daí foi uma maravilha, nunca mais me doeram e sempre que sentia o peito a ficar mais ou menos, punha logo o meu leite no mamilo e pronto problema estava resolvido.
Na terceira semana de vida, o Alexandre apenas aumentou 50 gr muito abaixo dos mínimos 120gr semanais que têm que engordar. Pensei eu, a balança deve estar errada, então ele tinha aumentado 400gr na semana anterior, como era possível? Nessa semana ele não fez mais nada senão chorar eu colocava-o na mama e ele não mamava ou mamava pouco e eu também não fazia mais nada senão chorar, a recuperação do pós-operatório da cesariana estava a ser muito complicada muito por culpa da minha frustração e sentimento de incompetência de não ter tido um parto vaginal e isso influenciou em muito a minha recuperação física e a minha produção de leite. Na sexta-feira em que o levei ao peso e a assistente da pediatra me disse que ele só tinha engordado 50gr e que tinha de falar com a pediatra foi um choque, mas mais choque foi quando a pediatra me tinha dito que ele tinha passado fome nessa semana... fome??? derreti-me em lágrimas logo ali, senti-me a pior e a mais incompetente das mulheres e das mães, não tinha conseguido parir e não conseguia alimentar o meu filho, caí no fundo do poço. O que ainda era pior era que na tarde anterior o meu peito direito tinha começado a doer-me e a ficar muito quente e o leite não saía, estava a fazer uma mastite, resolvida com cytocinon (já não sei como se escreve o nome do remédio, é oxitocina de inalar) prescrita pela minha médica ginecologista. Falei disso à minha pediatra e ela recomendou-me comprar uma bomba de extracção uma vez que ele devia ser preguiçoso e foi o que fiz mas aquilo da fome bateu-me tão cá no fundo que nesse dia não tive pinga de leite, nada saía. Chorei chorei até não poder mais e rendi-me às evidências, fui comprar a lata de leite que a médica tinha aconselhado e um biberão. Se antes me sentia incompetente, agora estava mesmo mesmo destroçada. No dia a seguir depois de dormir umas horitas e de me acalmar pensei: não esta quebra no leite é devida à depressão e ao estado de nervos com que estava do dia anterior. Vou tirar à bomba para ver, tirei 120ml a quantidade que um recém nascido bebe segundo a pediatra. Afinal tenho leite pensei eu e fiquei mais feliz só que aquilo do "passou fome" não me saía da cabeça e até há bem pouco tempo ainda andava por aqui. Resolvi dar-lhe de mamar e então tirar leite à bomba para lhe dar como complemento, pois queria que ele bebesse do meu leite acima de tudo. O que aconteceu foi que com o passar dos dias o Alexandre passava cada vez menos tempo na mama e cada vez mais tempo no biberão do meu leite. A minha vontade que o Alexandre bebesse do meu leite era tão grande que eu de noite chegava a levantar-me uma hora mais cedo para que ele pudesse ter o leite pronto para mamar e nos intervalos das mamadas de dia tirava leite à bomba numa tentativa de aumentar a produção, e consegui! o Alexandre engordava normalmente mas cada vez mais me rejeitava o peito. Passado mais ou menos um mês ou mês e meio (já não me recordo bem) de andar nessas andanças de não dormir de noite e não descansar de dia além de passar a maior parte do dia a tirar leite à bomba, falei à pediatra e ela disse-me que se ele bebia só do meu leite era porque tinha em quantidade suficiente para lhe tirar o biberão. Bem... não estão mesmo a ver, eu estava feliz mas o Alexandre teimava em não querer mamar no meu peito. A pediatra e uma enfermeira amiga diziam-me para insistir com o peito que ele mais cedo ou mais tarde havia querer e foi assim mesmo, ao fim de uma semana a mamar quase de hora a hora porque ele insistia que queria o biberão e como tal mamava pouco ao peito, de muito choro dele e meu, consegui que ele voltasse a preferir o peito ao biberão chegando mesmo a rejeitar a alimentação a biberão, mesmo sendo água, agora já o aceita bem quer para beber àgua quer para beber um daqueles cereais prontos a beber. Foi muito dificil esta fase porque não era só o Alexandre que me dificultava a vida, tirando uma amiga que passava pelo mesmo problema e que insistia como eu na amamentação, a pediatra e uma enfermeira amiga, todos os restantes sem excepção (e eu tb um bocadinho) achavam que estava obcecada em querer amamentar o meu filho e insistiam de certa forma para que eu desistisse, mas eu não queria perder outra experiência, não queria desistir. Hoje, olhando para trás vejo que o facto de amamentar o meu filho ajudou-me a criar uma ligação muito profunda com ele, ajudou e está a ajudar-me a ultrapassar esta depressão pós-parto, está a transformar-me noutra mulher, reencontrei o meu sorriso, a minha alegria de viver, sei que estou a fazer o melhor para o meu filho e se as coisas continuarem assim, espero amamentar ainda por mais algum tempo, seguir as recomendações da OMS na questão da amamentação que indica que uma criança deveria ser amamentada até aos dois anos se possível. Se conseguir amamentar até lá escreverei outro post sobre o assunto. Até lá Pensamentos SEMPRE Felizes

16 comentários:

Anónimo disse...

Olá

Eu tb sei por experiência que amamentar é dificil ( para algumas mães ).
O meu Duarte não queria pegar na mama, mas até faze 1 mês, com mto sacrificio e amos, só mamou, e cresceu mto bem, graças a Deus. Qd fez 1 mês passei a dar suplemento e aos 3 mseses já não havia leite...
Seja como for, tenho consciência que fiz o meu melhor, e acho q todas deviamos amamentar sempre.
É uma experiência única !

Bjs

Alice+Duarte

Anónimo disse...

Olá!!
Adorei este teu post. Onde é que posso encontrar o tal que falas do teu parto?
sabes o que é que eu acho? Acho que o teu Alexabdre se ler este poast vai ter muito orgulho na mãe que tem e vai rir-se muito quando ler que o deixaste passar fome! é que acertar ritmos é mesmo complicado!! Mas tu não desististe nunca!! que no meio da nossa recuperação pós-parto, da desorientação, das tentativas sequer de perceber - como é que TUDO funciona - faz-nos mudar. Para melhor, com amor. Abençoados os dois!
Eu também tive adaptações e readaptações, e sem stresses, desisti aos 9 meses e meio de dar leite do peito, porque ele se distraía, queria brincar, mexer falar, e comecei a dar-lhe leite de biberão, aí, ele acalmava-se. Isto queria dizer que estava no fim da minha linha. Já não tinha leite. ainda bem que desisti ao 2º dia de brincadeiras dele... foram dois dias de fome. ao 3º dia já nada saía da minha mama. nada! fiquei triste 2 ou 3 dias, depois andei com o outro leite para a frente, é este que ele quer, que precisa, então, é este que ele vai ter, com amor. E pronto.
beijos doces.

Unknown disse...

O meu post sobre o parto está no arquivo "pensamentos inesquecíveis" na barrinha do lado direito logo a seguir ao arquivo "outros pensamentos"
beijinhos
Cris

cloinca disse...

:S...
Tocaste-me na ferida, é das maiores ma´goas que tenho, o não ter conseguido amamentar. o André nasceu prematuro, não tinha o reflexo de sucção apurado... tinha tanto leite... e não consegui que ele me pegasse no peito.
Ainda tirei com a maquina, mas como já disse num post anterior, sentia-me saída de um documentário agrícola... a juntar a isso a depressão pós parto que tu tb bem conheces!
Tenho a noçaõ que parte da ligação que eu poderia criar com o André nessa fase se perdeu. Todos lhe queriam dar o biberon... nem disso era senhora de decidir! Foram tempos mt complicados!
Só de me lembrar disso... enfim... não vou cair nos mesmos erros na proxima gravidez! Já estou preparada para certas coisa!
E agora... para animar a malta: Estás convidada para te servires de uns "estaminhas" no meu cantinho!!
;)
Nhami, nhami!
Beijokas grandes para ti... e obrigada pelo xi-coração bem apertado do post de hj de manhã!

cloinca disse...

Obrigada pelas tuas palavras linda... a sério!
Realmente a blogosfera está a dar-me muitíssimo mais do q algum dia poderia imaginar!
Obrigada pela tua amizade!
****

Anónimo disse...

E Deus queira que consigas, bjokas e fica bem

A Horta Encantada disse...

Vim aqui ter pelo blog da Amélia. E ainda bem. Fiquei muito emocionada com o teu testemunho e com a tua coragem.
um beijinho

Zelia M Evora disse...

Olá, pois eu vim aqui ter pelo blog da Leda:)

~Queria só dizer-te que nem sempre as coisas correm como nós queremos. Há coisas que estão para além de nós. Não és menos mãe pelo facto de não teres tido um parto natural. Olha só o teu sucesso na amamentação. Tenho a certeza que conseguiste um bom vinculo com o teu bebé. E um dia, que tenhas um outro, quem sabe não possas tambem ter um parto natural. Procura informação nas doulas:)
De resto, desejo-te a continuação dessa linda maternidade!
um beijo doce:) e se te sentires em baixo, conversa, conversa muito que isso liberta-nos!
Zelia

Little Miss Sunshine disse...

Gostei muito, muito de ler este post. Identifiquei-me com quase tudo, a parte da cesariana, o sentimento de frustração por não ter tido um parto vaginal, e a parte da amamentação. Com o Gonçalo era igual, ele não se habituou à maminha e não a queria nem por nada! Eu tirava o leite com a bomba e ele mamava na maior. Mas ao contrário de ti não insisti. E sinto-me muito culpada e frustrada por isso. Tu foste uma grande mulher por teres insistido e foi uma batalha que ganhaste! Estás de parabéns por isso.
Estou grávida novamente e espero fazer 'as pazes' com a amamentação quando o meu segundo filho nascer.

Anónimo disse...

Eu NÃO ACREDITO que encontrei uma pessoa com a mesma experiência que eu! Eu também passei os meses que estive em casa a tirar leite! Devido a uma falha pelamesmíssima razão que tu (nervos) fiquei com medo que a minha filhota passasse fome e vai de tirar o leite, passava os dias a "bombar" :),tirava às vezes de duas em duas horas para aumentar a produção e também consegui! Pensava que era a única "doida" dessas... mas acho que fiz bem porque tinha a certeza que ela andava bem alimentada. O pior é que, tal como o teu filho, começou a habituar-se ao biberon, mas não consegui reverter o processo e desisti de tentar dar mama durante o dia, porque ela não queria, só ao deitar, quando estava meio a dormir. Quando foi para a creche, não sei bem porquê, voltou a gostar da maminha (miminho, talvez...) e agora, com quase um ano (tem 11 meses), não me deixa dormir, mama a noite toda (problema de rejeição resolvido passando a dependência nocturna). Beijinhos e felicidades
Filipa

Arpedro disse...

Olá!!!
Sei que este post já aqui está há algum tempo, mas só agora é que descobri o teu blog, que tenho estado a ler do princípio ao fim.
Também tive dificuldades com a alimentação da minha filha, que nasceu sem o reflexo da sucção e teve de ficar internada. Eu ia tirando o leite mas a estimulação não era suficiente.
Quando a trouxe para casa ela já mamva na maninha, mas chorava muito.
Percebi algum tempo depois que tinha fome pq o leite não era suficiente.
Agora que li o teu post sinto que se calhar desisti depressa demais. Ainda consegui que ela mamasse um mês (sendo eu a retirar o leite) mas depois desisti.
Para a próxima tento fazer melhor.
Sou estreante nesta história dos blogs e o meu ainda é muito recente.
Se quiseres dá uma vista de olhos.
www.a-minha-borboleta.blogspot.pt
Parece haver algumas semelhanças com a tua amiga.
Gostei da tua experiência.

SusanaTete disse...

Eu também tive uma má experiência com a amamentação em especial do Gonçalo...
Tive muita tendência para mamilos gretados e desenvolvi duas mastites... Cheguei a dar de mamar com um pano na boca e dentes cerrados para aguentar a dor inicial...
Isto foi tudo porque o meu Gonçalo era muito mamão e brutinho...
Mas no final tive imenso sucesso: a Inês mamou até aos 15 meses e o Gonçalo mamou até aos 2 anos (nessa altura já bebia leite de vaca normal mas mamava à noite)

Susy disse...

Realmente temos experiências de maternidade muito, muito semelhantes. Li o teu post do parto e agora este. Anda bem que conseguiste continuar a amamentar o Alexandre, eu infelizmente não consegui continuar, cheguei a um momento que já não aguentava o choro do Mauro sempre que o colocava para mamar. Conheço muito bem, essa frustação de querer tanto um parto normal e da vontade de amamentar e não conseguir.
Passados quase 7 meses desde o parto, continu-o a não acreditar no que se passou e apesar de saber que o filho é meu, claro que sim, continu-o a não acreditar que esteve dentro de mim, ansiava tanto o seu nascimento e acabou, assim, sem eu puder fazer nada e sem me darem a oportunidade de o ver, acabadinho de sair de mim e de ouvir o seu primeiro choro. Acho que por muito tempo que passe nunca vão passar estas mágoas. As pessoas não compreendem como continuo a falar com mágoa destas situações, mas acho que tu me compreendes.
parabens por teres onseguido continuar esse sonho.

Chuva disse...

Só hoje li este teu post e estou maravilhada. És uma mulher de coragem, como me apercebi que eras mal te conheci.
Sabes o que estou a pensar, não sabes? :O)

free browny disse...

linda a historia é muito pareçida a minha, vque que acabe como a tua!!! ate la tenho que ter pensamentos felizes ;)
estou tb a insistir muito!! ;) é o que importa é a saude do tomás!!

jokinhas grandes
filipa & tomás

Ariane disse...

Olá, me identifiquei com vc em todos os sentidos, principalmente " passou fome", sei bem como é está sensação de fundo do poço, eu como vc também fiz uma cezaria de emergencia na minha primeira gravidez, não tive a garra e a sua determinação, mais hoje com a minha segunda filha, ja estou mais preparada para tomar as minhas decisões e concretiza-las, poço dizer que este vinculo que não tive na minha primeira gravidez agora poço ter, e digo que tudo vale a pena quando fazemos por amor... parabéns e tenha pensamentos felizes.
Ariane